quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Monografias

Na semana passada, meus alunos (orientandos) do curso de Letras, apresentaram suas monografias de conclusão de curso. Dois deles chamaram com seus temas atenção para duas importantes questões que dizem respeito à educação. Um deles fez uma pesquisa sobre a Educação Inclusiva em uma escola da periferia; a outra pesquisou e apresentou resultados em relação ao nível de escrita de alunos do nono ano do Ensino fundamental.
Em ambos os trabalhos, a conclusão foi desoladora. No primeiro caso, o pesquisador apresentou um quadro de uma sala de aula com alunos na faixa etária de 9 anos sob regência de uma professora polivalente – que leciona todas as disciplinas. A escola dessa classe deu-se em função de estar matriculado ali um aluno com deficiência. Sua expectativa era de observar a prática pedagógica aplicada, tendo em vista a inclusão deste aluno.
Como fundamentos teóricos, o pesquisador debruçou-se sobre autores como Stainback & Stainback, Maria Tereza Égler Mantoan e uma de minhas publicações, o livro Passos para Inclusão. Munido das teorias, o aluno dirigiu-se à tarefa de observação. Durante esse período, tivemos alguns encontros em que se mostrou bastante preocupado com o que via, ouvia e sentia. Mesmo sendo aconselhado a não subjetivar fatos, mantendo-se distante, ou melhor, mantendo uma postura científica, por muitos momentos o pesquisador deixou que sua indignação em relação ao cenário viesse à tona, até mesmo na escrita de seu trabalho.
Isso porque realmente o trabalho apresenta um quadro triste, de absoluta desorientação, não só no que se refere à inclusão, mas em relação aos processos pedagógicos desenvolvidos naquela classe, com todos aqueles alunos. Em hipótese alguma, faz-se aqui ou no trabalho do aluno qualquer menção ao trabalho da professora como sendo negligente. O que se apresenta é uma situação de completa falta de projeto e orientação pedagógica para que a professora possa desenvolver seu trabalho com propriedade e eficiência.
Com relação ao outro trabalho, a aluna-pesquisadora, mediante critérios bastante minuciosos, conclui que 98% dos alunos não apresentam o nível de escrita sugerido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. Incluindo o caso de um aluno em nível pré-silábico (analfabeto). Ou seja, em uma escola, praticamente TODOS os alunos do final do Ensino Fundamental não têm as competências exigidas para a produção de texto.
Embora os trabalhos tenham sido bem feitos por esses alunos, a conclusão a que se chega é que nesse pequeno recorte de pesquisa encontramos uma triste realidade que em uma visão mais ampla da educação do Brasil não muda de figura. Minhas contribuições para uma possível mudança estão em outro texto deste blog, sob o título de SUGESTÕES A QUEM ENSINA E A QUEM MANDA EM QUEM ENSINA.



domingo, 2 de agosto de 2009

Me and Peter Burke no 17o Cole.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Em defesa do diploma de jornalismo!!!

O que são conhecimentos técnicos, afinal?

Por Laiza Campos*

Li nos jornais dessa quinta-feira (18/06) algo que me deixou bastante intrigada: um dos ministros que votaram a favor da não-obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão no país, afirmou que só será exigido diploma para aqueles profissionais que lidam com vidas, como médicos, engenheiros e profissionais da área de Direito. Confesso que me choquei na hora.
Sou estudante do sexto período de Jornalismo, na Uneb, e presenciei, ao longo desse tempo, calorosas discussões sobre ética e como ser “imparcial” para não ferir a hombridade de ninguém, já que iríamos lidar com vidas; sentimentos alheios... Vi meus professores, por diversas vezes, repudiar o sensacionalismo, a espetacularização da notícia... por estarmos lidando com vidas! Aí vem um ministro (que nunca passou pela faculdade de jornalismo) afirmar que só os médicos, advogados e engenheiros cuidam de pessoas.
Sinceramente, não sei mais o que está faltando acontecer nesse país!
Foram 8 votos a 1 para decidir que o conhecimento adquirido na academia é inútil. O que fazer então, acabar com os cursos de comunicação no Brasil? O que o Supremo quer afirmar com essa nova lei, que o ensino superior no país é precário? Acho que era isso que a Ministra queria elucidar quando afirmou que não é preciso técnica para fazer jornalismo, basta usar a intelectualidade.
Deveriam ter esclarecido isso antes aos professores das disciplinas teóricas, coitados, perdem tempo ensinando aos seus alunos sobre como entrevistar; como narrar fatos sem atingir pessoas inocentes; gastam muitas aulas para nos esclarecer, de fato, quais são os critérios de noticiabilidade... A Ministra acha que isso não é Teoria da Comunicação.
Ficaria até feliz com essa decisão se o Brasil fosse um país de pessoas, ao menos, alfabetizadas. Ela defende que os “intelectuais” se manifestem... Acho que o jornal terá que continuar a ser feito por jornalistas mesmo.
Direito de publicar artigos? Todos sempre tiveram, mas eu só quero saber quem é que vai abdicar dos fins de semana, feriados e datas comemorativas, para fazer notícia no Brasil... O jornalista, claro! Afinal, os médicos, juízes e engenheiros precisam descansar, pois, assumirão dupla jornada: em horário comercial, exercem a função para a qual foram preparados pela academia; nas horas vagas, assumem o lugar dos jornalistas.
Nesse instante, só consigo lembrar do casal da escola Base, acusado injustamente pela mídia, de praticar abuso sexual infantil dentro da escola. A mídia fez um estardalhaço... destruiu a imagem e a vida dessas pessoas para, em seguida, a justiça inocentá-los por falta de prova. Os jornalistas e veículos foram processados, embora o caso ainda não tenha sido resolvido. Com isso, eu me pergunto: se algo semelhante acontecer a partir de agora, quem irá responder aos processos, os donos das empresas? Os “jornalistas”? Ah! Lembrei, não estamos lidando com vidas, portanto, ninguém deverá ser responsabilizado pelos danos causados à sociedade.

*Estudante de Jornalismo em Multimeios da Uneb, em Juazeiro.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Lixeiros...

Em todas as cidades porque passei e morei sempre observei algo comum: a alegria dos lixeiros. Pela manhã, à tarde, à noite, pela madrugada, lá vem aquele escarcéu. Um caminhão enorme e fedido e a sua frente, ao lado, atrás, correm homenzinhos com roupas de cor forte – amarelo, verde, laranja – rolando tonéis, carregando sacos, sempre, sempre brincando e sorrindo. Dentro dos tonéis, em sacos e caixas encontram-se restos de tudo. De tudo que jogamos fora porque não queremos mais em nossas vidas. O mau cheiro oriundo da podridão parece não ser percebido pelos homenzinhos que saltitantes fazem seu trabalho. Como se encenassem uma coreografia, o grupo marca um compasso afinado. O motorista do caminhão avança no mesmo ritmo em que os homenzinhos vão colhendo o lixo. É uma verdadeira equipe. Não sei se foram capacitados para esse trabalho. Só sei que acontece desse jeito. Depois que eles passam, parece que sentimos um alívio. O mau cheiro, a sujeira e o barulho vão embora. Tratamos de produzir mais lixo e mais sujeira. Ah! Esqueci-me de dizer que uma das estrelas do carnaval do Rio de Janeiro é um lixeiro que após o desfile, samba com a vassoura, sendo ovacionado por todos.

Por todas as escolas, palestras, seminários e congressos de professores, em todas as cidades por que passo, observo algo comum: a tristeza de meus colegas. Sentam-se todos nas últimas fileiras, parecem cansados, desmotivados e tristes, muito tristes. Enquanto ocorre o encontro, os rostos são verdadeiras representações da frustração. Suas perguntas são sempre baseadas no descrédito em seu trabalho, na desesperança. O que fazer com um aluno que não faz nada? O que fazer com os que não querem nada? Como é que se ensina a quem não tem nada? Nas escolas, o quadro não muda muito. O atraso é, muitas vezes, um modo de dizer: vim só para não levar falta e ser descontado. Os xingamentos e agressões verbais aos alunos são uma forma de “educar” pelo constrangimento, o que sabemos que não leva ninguém a nada. As reclamações sobre a família, o sistema (é sempre ele o culpado), a falta de recursos são recorrentes e inexoráveis no discurso dos professores. Dificilmente, encontra-se uma equipe que caminhe afinada em seus propósitos. O fato é que isso ocorre em vários níveis – no ensino básico, médio e superior. No ensino superior, no qual atuo, alguns prezam por culpar a gestão, o despreparo dos alunos, a falta de recursos etc.


O que essas duas categorias profissionais – os lixeiros e os professores - têm em comum? A princípio, nada. A primeira lida com o que deve ser descartado, escondido, desprezado. A segunda, com o que há de mais importante: o humano vivo, em desenvolvimento. Por isso, persisto em minha indagação: por que há essa inversão de comportamentos? Lixeiros alegres, professores tristes. Não deveria ser ao contrário? Lixeiros não deveriam ser tristes, mal humorados? Professores não deveriam ser alegres, saltitantes? Quem é mais, quem é menos importante? Será que lixeiros reconhecem seu trabalho e professores não? Será que o contato com o lixo traz mais prazer do que com crianças? Será que a vida é menos importante do que objetos descartados, fétidos, prontos para a destruição?

Esse é somente um questionamento de quem, como eu, se sente feliz, alegre e importante por ser professor.

Rossana Ramos

sábado, 11 de abril de 2009

Entrevista à Revista Educação da Ed. Segmento

Alfabetização no Brasil


1- Qual é o método de alfabetizar crianças mais adequado e eficiente? Por quê?

Não creio que há métodos mais eficientes ou mais eficientes até porque estou certa de que a aquisição da escrita e da leitura se dá por meio de um processo de construção individual, na medida em que o sujeito entra em contato com o objeto do conhecimento, no caso, com o texto escrito.

2- qual é o método adotado atualmente no Brasil (fazer uma pequena descrição)? Por que foi adotado? Desde quando? Tem funcionado bem?

Atualmente, o que tenho observado em relação à alfabetização, é que estamos saindo da era dos métodos e caminhando para um processo de alfabetização que, com base teórica na psicogênese da escrita, descrita por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, considera que os indivíduos constroem ou reconstroem o conhecimento da escrita e da leitura mediante o contato com este objeto, criando hipóteses, compreendendo sua funcionalidade, bem como as regras do sistema.

3- Quais são os planos para o futuro em relação a métodos a serem adotados? Há previsão de mudança?

Como disse anteriormente, a tendência é que os métodos sejam totalmente ultrapassados e permaneçam somente na história da educação como objeto de estudo da historiografia da alfabetização.
A mudança já está ocorrendo, ainda que a passos largos.

4- Há estatísticas da evolução da alfabetização no Brasil? Ex: nas últimas duas décadas cresceu?, diminuiu? Como é a situação hoje?

Desconheço de forma precisa estes dados. Contudo, percebe-se, a grosso modo, que existem menos pessoas analfabetas a nossa volta do que, por exemplo, há 30 anos. Na minha opinião, isso ocorre em face do processo de democratização da escola, ou seja, em virtude do contato sistemático dos indivíduos com a escrita.

5- Há algum abordagem única que dê conta de lidar com a realidade brasileira? Isso é possível em um País tão diverso quanto o nosso? Se há, qual é ela? Por quê?

Volto a dizer que não acredito em métodos ou “abordagens” específicas. Para aprender a ler, é necessário que o indivíduo entre em contato com a escrita e perceba não só o aspecto mecânico do sistema lingüístico, mas também sua funcionalidade. Para isso, é preciso, algumas vezes, que se realizem determinadas ações didáticas, nesse caso, realizadas pelos professores.

6- Caso não haja uma linha única para o Brasil, qual seria o método (ou os métodos) mais adequados que trouxessem bons resultados em todas as regiões e circunstâncias?

A língua escrita é uma só. Por isso, ler e escrever independe da região em que o indivíduo se encontre. Podemos até considerar que os textos inicialmente trabalhados sejam relativos à realidade e as preferências dos alunos. Contudo, o papel principal da escrita é teorizar toda e qualquer realidade existente, aqui ou acolá. Podemos dar como exemplo o ensino de língua estrangeira que ocorre em países distantes, sem grandes aproximações com o país de origem.

4- Construtivismo ou método fônico? Qual é o melhor método? (Fazer uma descrição de cada um deles e uma comparação).

É preciso deixar claro que Construtivismo é uma teoria e não um método. Por isso, não há como colocar esses dois conceitos em oposição. Uma proposta construtivista de alfabetização não supõe esse ou aquele elemento lingüístico como passo inicial à aprendizagem da escrita e da leitura. Tampouco evidencia de forma sistemática qualquer aspecto da língua. Ou seja, som, forma e significado são considerados indissociáveis, e o são, quando se trata de ler e escrever. Atualmente, com base na perspectiva social da língua, levam-se também em conta aspectos extra-lingüísticos como, por exemplo, quem escreve, onde escreve etc. Já os métodos tratam de “preparar” a língua para ser aprendida. Levando em conta a mecânica da língua, supõem que esta ou aquela letra, sílaba ou palavra deve ser aprendida prioritariamente, por ser “mais fácil”. Dessa forma, aprende-se o BA antes do BRAN. Uma abordagem fônica, por exemplo, desconsidera os outros níveis do signo lingüístico, isto é, a forma, o significado, bem como sua inserção social. Volto a dizer como alfabetizadora, que não acredito em métodos. Até porque todos estão relacionados à teoria behaviorista, que condiciona o sujeito a um determinado comportamento, desconsiderando que a aprendizagem é uma ação ampla que se desenvolve a partir de uma iniciativa própria do sujeito, em contato com o objeto, relacionando-o com o meio em que vive.


5- Comente de maneira sintética a polêmica que se criou recentemente em torno do tema alfabetização no Brasil. Quais são as principais correntes que estão causando discussão? Quais são os planos do governo? O que pensam os educadores, pedagogos, gestores?


Não creio que tal polêmica tenha repercutido diretamente na escola. Entre os vários motivos, pelo fato de que o professor que está consciente das mudanças, não se abala com tal discussão que é, certamente, retrógrada e inócua. As correntes que ainda por ventura defendam esse ou aquele método constituem uma ação de forças centrípetas, conservadoras que entendem a educação como algo fixo, imóvel, enquadrado em modelos ultrapassados.
Desconheço que o governo tenha planos para a nossa educação. O que se vive hoje, efetivamente, no âmbito pedagógico é algo como “cada um faz o que quer”. Isso porque enquanto há profissionais estudiosos, comprometidos com uma educação moderna, baseada em visões avançadas, ainda há aqueles que enchem as lousas com famílias silábicas e fazem as crianças repetirem-nas incansavelmente.


6- A experiência cubana serve para o Brasil? Por quê? Ou ela serve apenas para algumas realidades como a do Piauí?

Também não creio em experiências, e sim em teorias, tendo em vista que o plano empírico é superficial. Nesse caso específico da ação pedagógica aplicada em Cuba, percebe-se que houve um grande empenho nas práticas aplicadas, o que de fato determinou o sucesso do projeto. Nesta perspectiva, ou seja, quando as instituições educacionais se propõem de fato a “tirar a teoria do papel” e pô-la em prática, o resultado é quase sempre positivo.

7- O “Yo sí puedo” é a solução para reverter o quadro preocupante verificado nas avaliações recentes que mostra que crianças vão à escola, mas não aprendem a ler e a escrever satisfatoriamente?

Na minha opinião, o que pode mudar definitivamente o quadro do analfabetismo no Brasil é uma verdadeira ação na formação de professores, e não a aplicação deste ou daquele modelo. O professor bem preparado é capaz de criar, com seus alunos, um plano didático apropriado e, portanto, eficiente. Contudo, a nossa realidade aponta para uma absoluta falta de direcionamento no que se refere à capacitação na área de educacional. Os recursos financeiros, quando aparecem, muitas vezes, são mal utilizados. As empresas de capacitação proliferam-se a cada dia, do que se pode concluir que seja um bom negócio. Todavia, a qualidade da maioria delas é discutível. Por outro lado, as instituições públicas, no caso as universidades, vem deixando a desejar em suas funções básicas – ensino, pesquisa e extensão –, contribuindo para a educação de má qualidade que temos hoje neste país.


8- Até que ponto as divergências entre educadores no Brasil com relação ao tema alfabetização são apenas pedagógicas?

Essa é uma importante questão, em se tratando da falta de embasamento do professor para defender suas próprias concepções. Já presenciei situações em que o professor é “obrigado” a utilizar métodos e materiais que considera inadequados para não perder o emprego ou não ser discriminado pelo grupo, o que gera uma insatisfação e, conseqüentemente, uma má qualidade no ensino.

9- Como solucionar a questão de maneira positiva e produtiva, fazendo com que as crianças saiam da escola lendo e escrevendo como se deve? O que falta para isso no Brasil?

De modo geral, a solução está em uma verdadeira revolução político-educacional que atenda aos propósitos sociais. Isto quer dizer: formar adequadamente os professores, garantir-lhes salários dignos, destinar uma dotação orçamentária para a aquisição de material, especificamente livros, adotar critérios de avaliações contínuas de profissionais e, sobretudo, garantir aos alunos o direito prescrito na lei com relação a um atendimento educacional de qualidade, onde quer que estejam. No que diz respeito à alfabetização, penso que nós, especialistas, devemos também nos empenhar em pesquisas e ações pedagógicas que contribuam para novas visões, deixando de lado modelos e métodos ultrapassados, simplesmente por deram certo aqui ou acolá.



Rossana Ramos é doutora em Língua Portuguesa pela PUC/SP. Autora de oito livros nas áreas infantil e pedagógica pelas editoras Cortez, Imeph e Pró-Infanti.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sempre que me pedem para falar ou escrever sobre a inclusão escolar, penso no equívoco que vem se formando sobre assunto. A questão não é falar do fato isolado da inclusão, mas sim de Pedagogia. O professor que conhece realmente as correntes filosóficas pedagógicas sabe que existe uma – a construtivista – que dá conta de se fazer uma educação para todos, sem exceção. O problema é querer, dentro de uma perspectiva tradicional, colocar pessoas com diferenças muito grandes em um mesmo grupo, e o que é pior, com a doce ilusão que poderá nivelá-las em um mesmo patamar cognitivo. Refiro-me aqui ao professor que acha que os alunos têm que acompanhar uns aos outros, sem grandes diferenças.
As perguntas mais comuns feitas pelos professores são: como posso incluir no 4o ano do Ensino Fundamental, um aluno que não lê? Devo reprová-lo? Não seria melhor que estivesse em uma classe especial?
Esses questionamentos evidenciam uma teoria e uma prática que não combina com a proposta de inclusão. Devemos pensar, a priori, que estar na escola é acima de tudo estar incluído em um processo social. Em seguida, que cada um de nós, ainda que providos de total capacidade física e mental, somos diferentes, ou seja, construímos conhecimentos de formas distintas, em diferentes tempos. No caso do deficiente, essas diferenças são ainda maiores, todavia, não devem ser objeto de exclusão, sobretudo a social. Isto é, o convívio com pares supostamente mais capacitados proporciona ao deficiente um avanço significativo em seu desenvolvimento.
Desse modo, sugiro a meus colegas professores que busquem as soluções para a inclusão não em receitas mágicas, mas nas teorias que fundamentam nosso trabalho, ou seja, na Pedagogia, bem com nas ciências de interface com é o caso da Psicologia, Sociologia, Antropologia etc.
ROSSANA RAMOS